Por Marcos Imbrizi
Foto – Reprodução internet.
Assim como em outras épocas de pandemias, a malandragem não perde tempo em tentar pegar os pobres incautos. Há tempos quando pesquisava a coleção do Estadão para uma pesquisa sobre a ‘grippe espanhola’, que se alastrou pelo mundo afora há 100 anos, encontrei anúncios de remédios miraculosos para a cura ou a prevenção da doença. Encontrei também notícias sobre os maus comerciantes que, frente à carestia, cobravam preços absurdos em alguns alimentos ou produtos.
E em tempos de coronavírus eles já estão à solta. Eu mesmo, que trabalho em casa já há uma semana, em isolamento social, dia destes recebi uma ligação. Ao pegar o telefone sem fio percebi no display um número super estranho. Algo como 01. Atendi e do outro lado uma voz masculina amistosa respondeu: “Oi, tudo bem?” Ao perguntar com quem ele queria falar, ouvi como resposta “Não está me reconhecendo? Eu sou parente!” Como devo ter demonstrado que não cairia na lenga-lenga, o gatuno desligou.
Ainda não ouvi falar dos remédios milagrosos para a cura da Covid-19. A única história que li foi a de Donald Trump, que anunciou dias atrás a cloroquina como a substância capaz de combater o vírus. Mas este não é malandro. É um picareta que, assim como seu assecla tupiniquim, se elegeu na base das fake news. E segue a propagá-las como forma de desviar a atenção da opinião pública dos temas que realmente interessam como forma de governar.
O detalhe, noticiado pelo Estadão, é que este medicamento (cloroquina) é utilizado até agora no Brasil no tratamento de artrite, lúpus e malária. Seu uso no combate à Covid-19 ainda está em fase de testes, tanto pela agência norte-americana quanto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Assim como todas as mentiras destes propagadores de fake news, esta trouxe uma série de problemas. Para controlar a venda, desde então a Anvisa passou a exigir receita médica na hora da compra nas farmácias. Mas já era tarde demais, e as pessoas que realmente precisam da cloroquina para tratamentos de artrite, lúpus e malária não a encontram nas farmácias.
E por falar em fake news, estas propagam uma série de produtos como chá de erva-doce e gargarejo com água morna, sal e vinagre para combater o novo vírus. Fique ligado. Nada disto funciona.
Produto em falta no mercado, o álcool gel sumiu das prateleiras depois de ser comercializado por um preço várias vezes maior do que era vendido há algumas semanas atrás. No início da semana a Polícia Civil apreendeu vários galões de álcool gel falsificado produzido em uma fábrica clandestina em Santo André.
Por tudo isso, em tempo de coronavírus, fiquem atentos aos malandros, inclusive os que ocupam o Palácio do Planalto. O coronavírus não causa só uma ‘gripezinha’. Até esta quarta-feira (25/3) foram registrados só no Brasil mais de 2400 casos confirmados e 57 mortes. E este número sobre exponencialmente.
Cuidado com telefonemas, mensagens no correio eletrônico e mensagens no Whatsapp. Fique atento a visitas de pessoas oferecendo serviços relacionados à doença. O melhor remédio até agora é o isolamento social. Fique em casa, se cuide e cuide também das pessoas com mais de 60 anos ou com problemas de saúde. E na medida do possível procure ajudar também aquelas pessoas menos favorecidas ou que não têm uma casa para morar.
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